25 Maio 2011
No dia 03 de outubro de 2009 minha filha Ana Paula Moreno Germano, de 23 anos, saiu de nossa casa na cidade de Carapicuiba (SP) às 5h30min para ir trabalhar, cumprindo uma rotina que já fazia há quase dois anos. Ela entrava às 6h da manhã em uma empresa no bairro de Alphaville, região de Barueri, São Paulo, onde eu também trabalhava, só que no horário da tarde. Às 13h30min, quando cheguei à empresa, descobri que Ana Paula não tinha aparecido no trabalho aquele dia. Na mesma hora liguei para o seu celular, mas estava fora de área. Minha filha mais velha, juntamente de seu esposo, foram me buscar para irmos a empresa de ônibus conseguir com o setor de tráfegos um relatório do cartão de passagem de ônibus, que naquele dia não havia sido usado. Como Ana Paula não tinha dinheiro na carteira, ficou claro que não embarcou no ônibus. Em seguida parti para as empresas de monitoramento da cidade, pois Alphaville tem muitas câmeras de segurança. Tive acesso a todas as imagens daquele dia, ficando claro que minha filha não chegou a passar pela região. Às 18h eu já estava dentro da delegacia registrando o B.O (Boletim de Ocorrência), no dia seguinte fui a D.H.P.P. em SP Capital, registrando a queixa, levei a foto dela para ser colocado no site da polícia. Dos policiais das delegacias por onde passei ouvi que eu já tinha levado 90% do trabalho pronto para a polícia. Até onde entendi, restava 10% para a polícia fazer, mas que não tiveram a capacidade de realizar. Da polícia tenho o B.O e mais nada. Não concederam nem a quebra do sigilo telefônico da minha filha, talvez a única maneira de conseguirmos uma pista.
São quase dois anos de muita luta com a Justiça em todos os setores: delegados, promotores, enfim, já tentei de todas as formas. Por desencargo de consciência fui até ao prefeito da minha cidade e dele ouvi que nada poderia ser feito. Diante de tanto descaso, resolvi buscar uma providencia. Comecei a montar um quebra cabeça colocando tudo o que precisaria ter acontecido e não aconteceu, tudo o que deveria ter sido feito e não foi, e comecei a escrever uma resposta daquilo que com certeza precisaria acontecer.Nessa investida soube que para ser apresentado ao Congresso Nacional um pedido que se comprova que o que existe não funciona, precisa, junto com o pedido de mudanças, ter 1 milhão de pessoas que queiram a mesma coisa. Resolvi então começar a recolher essas assinaturas para mudar a situação do desaparecimento de pessoas no Brasil. Estas assinaturas deverão ser recolhidas entre os estados brasileiros. Quem quiser me ajudar e a todas as mães de pessoas desaparecidas no Brasil, basta enviar nome completo, RG e a cidade para os endereços de correspondência em nota abaixo.Desistir dessa luta é desistir de minha filha, coisa que jamais farei.
Sinto em mim a dor de todas as mães dos desaparecidos, uma dor que nos enfraquece, que é a dor da incapacidade. Nos sentimos incapazes diante de tanto descaso, com nossos filhos sabe Deus onde, e nós sem poder fazer nada, esta dor é que nos aniquila. Mesmo assim nós, mães de desaparecidos, lutamos, temos projetos, temos sonhos e acreditamos que podemos mudar. Sei que são muitas as barreiras, que nem sempre temos forças ou condições de continuar, mas não importa. O que importa mesmo é a força e a fé que tenho que nós todas vamos vencer esta guerra. Para isso precisamos da sua assinatura.
Sandra Moreno, mãe de Ana Paula e é a mais nova integrante das Mães do Brasil, Mãe de Carapicuiba e autora da campanha.
Nota: Em breve estaremos lançando a petição on-line. Você pode também enviar sua lista de assinaturas contendo nome completo e RG para os endereços:
São Paulo: Av. Maria Helena, 243 - Carapicuiba CEP: 06320-970 Caixa Postal 53
Rio de Janeiro: Rua Laudelino Coelho, 361 - Barra Nova - Saquarema CEP: 28990-000
Fonte: MãesdoBrasil
Célia Buarque: Meu pedido - Divulguem essa campanha. Esta dor é indescritivelmente cruel para quem sente. E, embora, não tenha esbarrado no descaso vejo que o mesmo não acontece com outras pessoas na mesma situação. Deus mandou os anjos para encontrar meu filho e peço-lhe, encarecidamente, que os mande novamente para encontrar os filhos de todos nós. Precisamos divulgar, sermos solidários a quem sofre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário